Mais que Regressão: Como a Terapia Breve Centrada em Soluções Revoluciona a Hipnoterapia

Qualquer um que já teve um contato real com a hipnose sabe o grande potencial que ela possui para alterar a experiência das pessoas. E para a maioria dos hipnoterapeutas, a primeira e mais importante ferramenta que utilizam é a regressão à causa.

A regressão, de fato, é uma ferramenta incrível, e o seu sucesso geralmente é atribuído a ideias como “resolver a causa” e “acessar a raiz dos problemas”.

É inegável a funcionalidade e o valor de uma regressão à causa bem aplicada em muitos casos. E apesar de suas controvérsias e problemas que a maioria dos hipnoterapeutas já está cansada de ouvir, hoje eu venho trazer aqui alguns pontos que podem revolucionar a sua prática clínica como hipnoterapeuta.

É comum querermos saber o “porquê” reagimos de tal forma, só que assim ficamos presos a querer consertar um passado que por algum motivo merece ser tratado.

Muitas vezes acabamos por nos esquecer que nós sempre estamos mudando, e que muitos problemas que tivemos no passado foram resolvidos de forma natural por meio do nosso próprio potencial interno. E por falar em potencial interno, é justamente sobre isso que eu quero falar aqui!

Se você é hipnoterapeuta como eu, você sabe que acabamos por lidar com traumas terríveis dos nossos clientes, e é praticamente inevitável que a gente não seja tocado ou abalado de alguma forma pelas diversas histórias de vida que passam pela gente.

Por mais que sejamos profissionais treinados e saibamos separar as coisas, ser hipnoterapeuta e trabalhar orientado para o problema, para o trauma, para consertar um passado, inevitavelmente vai ser um trabalho pesado e doloroso em algum nível para a gente.

Um trabalho orientado para o passado e para o problema acaba sendo um processo em que passamos a sessão inteira falando sobre o que está errado e sobre o que é ou foi ruim.

Os nossos clientes nos apresentam resistências e sentem desconforto ao acessar conteúdos, partes suas dolorosas, assim como ao “desenterrar o seu passado”. Você já se perguntou se a sua abordagem terapêutica está drenando você?

Mas e se, ao invés de buscar a arqueologia, a causa de um problema, você passasse a se focar nos potenciais e naquilo que existe de bom e positivo dentro dos seus clientes?
Nós estamos tão focados no trauma e no problema que nos esquecemos do que existe de mais importante dentro de nós.

Tanto a hipnose ericksoniana como a Terapia Breve Centrada na Solução podem te ajudar a lidar com essas questões e a revolucionar a sua forma de fazer hipnoterapia.

Muitas vezes nós nos esquecemos do real potencial que a hipnose possui para alterar as nossas experiências, e deixamos de lado o que a hipnose e o transe fazem de melhor, que é trazer à tona e mobilizar esses nossos recursos internos, permitindo-nos reestruturar como pessoas.

O que eu trago aqui é uma reflexão de que, ao invés de querer consertar um passado, podemos evocar potenciais do nosso cliente, e nos orientar para a construção de um futuro mais positivo e mais autêntico, onde estamos mais inteiros, ao invés de falarmos sobre as nossas partes perdidas ou quebradas.

Ao invés de perguntar sobre a causa, perguntamos sobre “Como seria se fosse diferente?”, ao invés de perguntar sobre o pior, perguntamos sobre aquilo que nos ajudaria a lidar de forma diferente. Ao invés de falar sobre a insegurança, nós trazemos confiança e segurança ao nosso cliente para lidar com a sua questão.

Até Joseph Wolpe, o criador da famosa técnica da psicologia comportamental, a dessensibilização sistemática, passou a utilizar a hipnose para mobilizar o corpo de forma mais rápida e eficiente com os seus clientes do que usar técnicas lentas de respiração e de relaxamento progressivo.

E aí que está! Ao invés de sairmos carregados das nossas sessões, é possível você ter atendimentos que vão falar sobre sucessos passados das pessoas, sobre as conquistas, sobre os hobbies, sobre aquilo que elas fazem de melhor, sobre as esperanças, sobre os motivadores, e sair dos seus atendimentos feliz por ter ajudado alguém a descobrir e despertar aquela parte de si mesma que está há tanto tempo escondida.

Quando você muda a abordagem, a experiência do cliente muda drasticamente.

Esse sentimento de competência e capacidade faz com que o cliente queira voltar na próxima sessão, não por dependência, ou porque uma sessão foi pesada e difícil demais, mas sim por se sentir empoderado e ansioso para compartilhar as pequenas mudanças positivas que já começaram a acontecer.

Vamos voltar ao ponto inicial: o seu bem-estar como terapeuta.

Ao adotar uma abordagem Centrada na Solução, sua vida profissional se transforma:
• Sessões Mais Leves: Você para de ser um “detetive de traumas” e se torna um “facilitador de futuros”. Suas conversas são sobre esperança, possibilidades e recursos.
• Menos Stress: Ao focar no potencial e na solução, você também termina o dia mais leve. Você não “compra” o problema do cliente. Você se torna parte da solução, o que é energizante, não drenante.
• Mais Eficiência: Você se surpreenderá com a rapidez com que os clientes podem mudar quando o foco está no “como” construir o futuro, e não no “porquê” o passado foi como foi.
• Clientes Mais Engajados: Clientes empoderados são clientes mais engajados no processo, que trazem resultados mais rápidos e, consequentemente, mais indicações para você.

Trabalhar com regressão é como ser um arqueólogo: um trabalho importante, mas lento, pesado e focado no que já passou.

Trabalhar com a Terapia Breve Centrada em Soluções e Hipnose é como ser um arquiteto ou um engenheiro, onde você usa os materiais que o cliente já possui (seus recursos), projeta com ele a “casa dos sonhos” (o futuro desejado) e usa a hipnose para construir a fundação dessa nova realidade.

A pergunta para você, hipnoterapeuta, é: você quer continuar cavando o passado ou quer começar a construir um futuro positivo para sua vida e a vida dos seus clientes?

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