Hipnose Ericksoniana: A diferença sutil (e poderosa) entre sugestão direta e evocação de um transe


Quando falamos em Hipnose, o que geralmente vem à cabeça das pessoas é a imagem de um processo onde temos um homem com um olhar penetrante, uma grande presença e uma aura mística, que acaba por dar sugestões a uma pessoa. Nessa imagem, uma pessoa aceita e acata essas sugestões, reagindo descontroladamente a elas estando subjugada as sugestões externas que vem diretamente do hipnólogo.

Dentro da hipnose clássica, temos essa ideia de uma indução – de algo que é induzido, que vem de fora para dentro, do hipnotista para dentro da pessoa. Na hipnose clássica, nós induzimos a pessoa dando sugestões diretas, dizendo coisas como “relaxe”, “entre em transe”, e assim por diante, onde dizemos diretamente a pessoa o que é para acontecer com ela.


Ainda dentro da hipnose clássica, temos a ideia e a necessidade de que o sujeito hipnotizado esteja atuando ativamente a favor do processo, estando altamente engajado para que a hipnose ocorra. Inclusive é comum dizermos que “Toda hipnose é uma auto hipnose”.
Só que existem coisas que controlamos por meio de decisão consciente, e outras coisas que não decidimos conscientemente. Eu não decido salivar, não decido sentir frio ou calor, não decido me sentir feliz, me sentir triste e muito menos ter ansiedade.


Da mesma forma, quando vemos um hipnólogo dizendo a uma pessoa para que ela relaxe ou entre em transe, temos um processo que, na prática, é paradoxal, pois eu não decido relaxar, e nem mesmo entrar em transe. Ao tentar gerar conscientemente algo que é inconsciente, automático e involuntário, podemos até mesmo acabar gerando um efeito contrário, uma resistência, e inibindo que a resposta desejada aconteça.


Vendo dessa forma, podemos perceber que, se eu quero que alguém ria e se divirta, é muito mais fácil eu estimular essa pessoa contando uma piada para ela, do que pedindo para ela rir e se divirta.
Da mesma forma, se queremos que alguém relaxe ou entre em transe, uma das estratégias mais eficientes que teremos para isso é estimular o relaxamento ou o transe por meio do que chamamos de Evocação!
A evocação é um dos principais conceitos que Milton Erickson criou, e é uma das principais bases da Hipnose Ericksoniana. A evocação é um processo naturalista, em que vamos utilizar as próprias experiências prévias da pessoa para que um estado de relaxamento ou transe seja estimulado, elicitado, mobilizado e evocado na pessoa.


Na hipnose ericksoniana, nós vamos usar as próprias experiências da pessoa, e fazer com que ela se concentre e acesse essas lembranças, recuperando e acesso o reto da experiência, usando o direcionamento da atenção por meio da linguagem, para que um estado de transe seja evocado.
É quase como se estivéssemos oferendo experiências e gerando pontes para transes prévios que a pessoa já teve, tornando o processo muito mais indireto, muito mais inconsciente e passivo.


Ao entendermos os reais impactos que a comunicação pode causar nos outros, o mecanismo da sugestão indireta passa a ser uma estratégia muito mais eficiente, elegante e flexível para sugerir coisas e gerar efeitos que vão envolver respostas automáticas e inconscientes como no caso o relaxamento, a dissociação ou o transe.
Se eu quero que você salive, é muito mais fácil eu fazer isso, falando sobre o lanche que você tanto gosta, ao invés de simplesmente mandar você salivar.


Portanto, ao se trabalhar com hipnose ericksoniana, ao invés de simplesmente dizer “Relaxe duas vezes mais”, vamos acabar preferindo ter uma abordagem na comunicação que é mais experiencial, evocando experiências por meio de frases como “É como quando você relaxa”, ou “É como quando você faz X coisa (onde você relaxa)”, “Talvez você possa se lembrar de quando você relaxou”, “Sabe quando você faz X coisa e você relaxa?”.
Milton Erickson, em toda a sua genialidade, percebeu que além de elicitar e evocar experiências da pessoa, quando usamos esse tipo de sugestão, temos outra grande vantagem que é evitar a falha da sugestão e a queda da expectativa.


Se eu digo para você relaxar e você não relaxa, a sua expectativa cai, e consequentemente você irá reagir pior à hipnose posteriormente.
Mas se eu apenas falo e converso de forma experiencial e evocativa sobre as suas experiências de relaxamento, mesmo que o relaxamento ou o transe não ocorra, ainda assim você não terá uma queda na expectativa.

A evocação é um dos principais elementos das induções ericksonianas, e é uma das diversas coisas que fazem com que a hipnose se torne feita sob medida, e com que o processo seja de dentro para fora ao invés de fora para dentro.


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Foto de Roberto Botelho

Roberto Botelho

Roberto Botelho é o atual presidente da Associação Brasileira de Hipnose (ABH), e atua como professor e mentor de hipnoterapeutas, auxiliando no desenvolvimento, aprendizado e profissionalização durante a caminhada do hipnoterapeuta.

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Roberto Botelho é o atual presidente da Associação Brasileira de Hipnose (ABH), e atua como professor e mentor de hipnoterapeutas, auxiliando no desenvolvimento, aprendizado e profissionalização durante a caminhada do hipnoterapeuta.

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